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Cachorro morto

2 de March 2011

Cachorro morto

Uma das coisas que mais observamos no meio dos cristãos, hoje em dia, é a incoerência entre o que Deus promete e a vida que eles estão a viver. Há uma discrepância, pois mesmo Deus sendo o Todo-Poderoso e Fiel em todas as Suas Promessas, a grande maioria dos cristãos não chega a tomar posse das mesmas.

Onde estaria o problema: em Deus ou nas pessoas? Será que Deus já não é o mesmo? Muito bem, o que realmente acontece é que os filhos de Deus não se colocam no seu devido lugar, quer dizer, não assumem que têm o direito de viver uma vida digna de um filho de Rei.

É na forma de pensar que jaz o grande problema, pois quando a pessoa não se vê digna de tomar posse das Promessas Divinas, ninguém a pode ajudar, nem Deus, nem o homem, senão vejamos: “Ora Jónatas, filho de Saul, tinha um filho aleijado dos pés. Este era de cinco anos de idade, quando chegaram de Jezreel as novas de Saul e de Jónatas; a sua ama o tomou e fugiu e, apressando-se ela a fugir, caiu o menino e ficou coxo. O seu nome era Mefibosete.” (2 Samuel 4.4).

David queria ajudar a alguém da casa de Saul e encontraram o filho de Jónatas, que era aleijado dos pés. Este vivia em Lo-Debar, que significa escassez e miséria, quer dizer, o herdeiro do rei estava a viver no meio da miséria e da escassez. “Então, mandou o rei Davi, e o tomou da casa de Maquir, filho de Amiel, em Lo-Debar. E Mefibosete, filho de Jónatas, filho de Saul, veio a Davi e, prostrando-se com o rosto em terra, lhe fez reverência. E disse Davi: Mefibosete! Respondeu ele: Eis aqui teu servo. Então, lhe disse Davi: Não temas, porque de certo usarei contigo de benevolência por amor de Jónatas, teu pai, e te restituirei todas as terras de Saul, teu pai; e tu sempre comerás à minha mesa. Então, Mefibosete lhe fez reverência, e disse: Que é o teu servo, para teres olhado para um cão morto tal como eu? Então, chamou Davi … e disse-lhe: Tudo o que pertencia a Saul, e a toda a sua casa, tenho dado ao filho de teu senhor (Mefibosete) … mas Mefibosete, filho de teu senhor, sempre comerá pão à minha mesa.” (2 Samuel 9.1-3).

O pior problema que Mefibosete tinha não era nas pernas e sim na mente. Ele tinha medo, aceitava aquela situação e considerava-se um cachorro morto. E como é que podemos observar que o seu problema não era físico (económico), mas mental (espiritual)? Quando ele verbalizou o que pensava. O cachorro, naquela época, não valia nada, e muito menos morto, pois era considerado imundo, já que se alimentava dos mortos e do próprio vómito.

Mefobosete tinha sangue real, mas vivia como o cachorro morto (zé ninguém) porque:

1. Pensava que os seus direitos não seriam validados (legitimados);

2. Pensava que deveria aceitar viver na dependência dos outros, mendigando o pão como destino ou vontade de Deus;

3. Pensava que o seu exterior (deficiência física), não lhe permitiria ser uma pessoa realizada.

À semelhança de Mefibosete, existem pessoas dentro da Igreja que aceitam viver uma vida de escassez, porque pensam mal de si mesmas, ou seja, o Povo tem Sangue Real (Sangue de Cristo), que foi derramado na cruz do Calvário, mas aceita viver como um cachorro morto. A mesma ironia também residia em Mefibosete, pois o seu próprio nome significava: “exterminador da vergonha”, ou seja, ele tinha um nome para ser grande, mas o seu complexo fazia-o viver na vergonha. Já David, não tinha sangue real, mas tinha uma mente real e a Oferta do seu coração era também real.

Ao meditarmos sobre o espírito do “cão morto”, vemos em Eclesiastes 9.4,5 o seguinte: “Para aquele que está entre os vivos há esperança… mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa…”. Mefibosete, ao considerar-se um “cão morto”, demonstrou que já não tinha mais esperança em nada, a sua ambição de uma vida melhor estava morta, pois, mesmo ele tendo sangue real, aceitava viver de migalhas.

Este é o retrato dos cristãos mornos na fé, sentem-se “mortos”, sem ambição na vida, a viver das “migalhas” passadas, não aspiram a nada melhor, mesmo tendo “sangue real”, pois, se a pessoa crê na recompensa, ou seja, numa vida melhor, ela lutará por aquilo que crê ter direito. É muito forte, pois o Espírito Santo afirma que: “assim, também a fé, se não tiver obras, por si só está morta.” (Tiago 2.17).

Por seu servo em Cristo, Bp. Júlio Freitas

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